Seia nos perdidos e achados da República


Senense Franco-Lusa apaixonada por Seia. Jurista. Mãe de 3 filhos. Candidata do Movimento JPNT
Todas as gerações têm sonhos para construir, os nossos pais viveram o fim da ditadura e sonharam com a liberdade e a melhoria de vida pela implementação da democracia ocidental. As duas primeiras décadas a seguir ao 25 de abril de 1974 foram de crescimento económico, a entrada na CEE, o dinheiro fácil: quase um céu sem nuvens.
A partir do final da primeira década do século XXI, a minha geração viu-se a braços com as crises bancárias e financeiras de âmbito mundial iniciada nos estados unidos da américa com a crise do subprime. De seguida fomos confrontados com a falência do Estado Português, em que de mão estendida tivemos de pedir a ajuda externa da Troika. As dificuldades aumentaram, e a possibilidade de darmos uma “ vida melhor” aos nossos filhos ficou cada vez mais comprometida. A pobreza cresceu, as fragilidades económicas das famílias e das empresas não correspondem ao padrão de que de todo sonhávamos. As conquistas de Abril têm sido postas em causa no campo económico, no campo social e na preservação dos Direitos Liberdades e Garantias dos cidadãos. Vejam-se os recentes ataques do direito de expressão, da independência dos média…
A situação ambiental tem vinda a criar uns desafios globais e a própria pandemia de COVID 19 tem demonstrado a fragilidade da humanidade e da sua organização mundial. Nestes tempos de Terceira Guerra Mundial aos pedaços (expressão do Papa Francisco) que mundo vamos a entregar aos nossos filhos?
Nós por cá, também sentimos os sobressaltos do mundo de hoje, apesar da aparente tranquilidade da vida no interior. Ao longo do tempo, alguns de nós têm sentido um certo “desencanto”, pois da bonança temos sentido que estamos cada vez mais longe do desenvolvimento e dos decisores que vivem por Lisboa.
Nos meados dos anos oitenta do século XX, foi construído uma nova escola, a Secundária de Seia, que acolheu no início os alunos do concelho que frequentavam do 7º ao 12º ano de escolaridade. Sabemos que constitui um avanço muito grande para a época, era uma infraestrutura de ensino de referência com o melhor que havia nessa altura.
Volvidos quase quarenta anos sobre a sua construção, a Escola Secundária simboliza bem o estado em que a cidade de Seia se encontra: nos perdidos e achados da República. A necessidade de intervenção em diversos equipamentos nucleares da cidade é premente: o Centro de Saúde de Seia (actualmente a ser intervencionado), o Tribunal (a Sra Ministra veio a Seia assinalar a realização do projecto da intervenção a realizar futuramente), as escolas nomeadamente a Secundária de Seia e a Escola Sede de Agrupamento Dr. Guilherme Correia de Carvalho…
O Executivo apostou na requalificação da avenida 1º de maio que têm sido alvo de muitas críticas, uns porque a obra foi mal realizada, outros porque não era a obra mais importante para o Concelho… Na verdade o Presidente da Câmara já expressou numa reunião de câmara em janeiro deste ano, as dificuldades que o município terá nas obras de requalificação de todas as estradas do Concelho, referiu que serão precisos 25 anos e 20 milhões de euros para realizar essas obras! E as novas estradas prometidas, não realizadas que, nos foram reprometidas, há dias, num élan eleitoralista, saíram elas do papel bolorento?
Como querem que em muitas conversas e postagens, os senenses não vivam do saudosismo do passado? O que as pessoas querem não é reviver o passado. Elas querem enfrentar o futuro com a mesma esperança que no passado sentiram.