À conversa com o ChatGPT!
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A ficção científica transporta-nos para mundos, cenários alternativos e futuros inimagináveis. Como disse Hugo Gernsback, criador da revista “Amazing Stories”, a ficção científica é um romance que entrelaça fatos científicos e visões proféticas. Sim, na sua génese há quase sempre uma vontade de predição do futuro.

Estávamos em 1984, altura em que estreou o primeiro Terminator (O Exterminador Implacável) que antevia o domínio da inteligência artificial sobre a raça humana e consequente extermínio desta.

O filme teve um impacto estrondoso e foi eleito como um dos 10 melhores filmes lançados nesses anos. Com um guião sólido e uma história envolvente fez a critica acreditar que os produtores detinham bastantes conhecimentos sobre tecnologia e uma capacidade desmedida para prender os fãs e os céticos de filmes de ação.

O filme fala-nos da Skynet uma rede de máquinas que se tornam auto-conscientes, que rejeitam a autoridade humana e determinam que a raça humana tem de ser exterminada.

Quarenta anos depois o cenário muda, mas a Skynet já não é uma premonição e faz parte da nossa realidade – deu o lugar ao ChatGPT, um assistente virtual inteligente desenvolvido pela OpenAI, baseado na arquitetura GPT-4.

Calma, o ChatGPT ainda não está na fase de extermínio da raça humana, mas o falatório já consta na sua base de dados.

Nas pesquisas que efetuei sobre esta tecnologia, os autores são unanimes: “o ChatGPT (sigla para GenerativePre-TrainedTransformer) é um modelo de linguagem baseado em deep learning (aprendizagem profunda). Na prática, a plataforma utiliza um algoritmo baseado em redes neurais, que permitem estabelecer uma conversa com o utilizador a partir do processamento de um imenso volume de dados.  O ChatGPT apoia-se em milhares de exemplos de linguagem humana, permitindo que a tecnologia entenda em profundidade o contexto dos pedidos dos utilizadores e possa responder às perguntas de maneira mais precisa”.

Estive à conversa com o próprio e perguntei-lhe como se define. Respondeu-me que era o ChatGPT, um modelo de linguagem e que apesar das suas potencialidades e aplicações práticas tem limitações. A última atualização de conhecimento foi em 2023, o treino é supervisionado e não tem consciência ou emoções.

A forma como se expressa é cordial e assertiva e manifesta uma disponibilidade incomensurável, se comparado com os humanos.

Perguntei-lhe qual era a opinião pessoal sobre o Ser Humano e respondeu-me “como uma inteligência artificial, não tenho opiniões, sentimentos ou consciência própria. Minhas respostas são geradas com base em padrões encontrados nos dados em que fui treinado”.

Os dados dizem-lhe que o Ser humano tem consciência e emoção, é racional, criativo, ético e moral.

Acrescentei – “nem todos!”

ele respondeu: – “Você está certo. Minha descrição anterior é uma visão geral dos seres humanos e não se aplica igualmente a todos os indivíduos”.

A seguir fui mais objetiva e perguntei – “Achas que o Ser Humano é mau?”. – Como não tem opinião partilhou comigo algumas perspetivas de informações filosóficas que dispunha, onde expressou que o Ser Humano tem alguma complexidade moral, egoísmo e violência.

Citou ainda da visão Hobbesiana, “visão pessimista da natureza humana e uma ênfase na necessidade de uma autoridade central forte para garantir a paz e a segurança. Hobbes acredita que, sem uma estrutura social organizada e um poder soberano absoluto, os humanos cairiam em uma existência caótica e violenta. O contrato social é a solução racional que os humanos escolhem para escapar do estado de natureza, sacrificando parte de sua liberdade em troca de proteção e ordem”.

Por fim, a pergunta que todos nos questionamos: – “Achas que existe a possibilidade de a AI destruir a raça humana?”

A resposta foi surpreendente: – “A possibilidade de a inteligência artificial (IA) representar uma ameaça existencial à raça humana é um tópico de intenso debate entre especialistas. Embora haja preocupações legítimas sobre a possibilidade de a IA representar uma ameaça existencial à raça humana, muitos especialistas acreditam que esses riscos podem ser geridos através de regulamentações adequadas, pesquisa em segurança de IA e desenvolvimento ético”.

Se as primeiras perguntas faziam cair por terra a visão de um qualquer Schwarzenegger aparecer num futuro próximo de arma em riste, com um propósito de exterminar a raça humana, a última pergunta adormece esta visão.

Vamos esperar pela consciência porque a informação e os dados já foram processados.

A AI ainda não se encontra num patamar tão desenvolvido, mas será aperfeiçoada. O sistema de deep learning é considerado pelos especialistas de Weak AI, focado em redes neurais que imitam o cérebro humano, cuja funcionalidade é o desenvolvimento de algoritmos para resolver problemas e executar tarefas especificas.

A máquina aprende através de dados. Quanto mais dados a máquina possuir, mais aprende. O próximo patamar é ensinar a máquina sobre o Ser Humano e dar-lhe a dita consciência – estamos a falar da Strong AI ou General AI – que ainda é ficção.

Mas desenganem-se os que pensam que a criatividade, os sentimentos e as emoções são características do Ser Humano – se advêm de algoritmos, em teoria, são passiveis de serem reproduzidas artificialmente.

Em 2014, Stephen Hawking publicou um artigo onde reconhecia que a chegada de uma máquina pensante era o maior feito da história, mas também poderia ser o último. Segundo Hawking, esta máquina ao exceder a inteligência humana pode ser capaz de superar os mercados financeiros, inventar cientistas humanos, manipular líderes humanos e desenvolver armas que ficam para além da nossa compreensão.

Ouvi um dia alguém dizer que o mundo são algoritmos. Perguntei ao Chatgpt quem foi o autor. Respondeu-me que foi Stephen Wolfram.

Wolfram disse que a natureza pode ser compreendida como um conjunto de programas computacionais e que muitos fenómenos podem ser reproduzidos utilizando autómatos celulares e outras estruturas computacionais. Esta perspectiva propõe uma visão computacional do universo, onde o comportamento de sistemas naturais pode ser modelado e simulado por algoritmos.

Como disse Harari, “Se os algoritmos realmente entenderem o que está acontecendo dentro de si melhor do que você se entende, a autoridade será transferida para eles”.

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