Ovelha Serra da Estrela em Filigrana em exposição na Joalharia do Carmo

Objeto vai fazer parte do espólio do futuro Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela, que vai ser inaugurado a 8 de Dezembro, em Santa Marinha, Seia.
Uma ovelha em tamanho real e totalmente produzida à mão em Filigrana está em exposição na Joalharia do Carmo, em Lisboa.
Arlindo Moura, o mais jovem artesão da Filigrana, tem mãos que contam histórias. Foi na sua oficina em Gondomar, que em tempos pertenceu ao avô, que uma ovelha com mais de um metro de comprido ganhou forma numa antiga bancada de madeira, com Arlindo encurvado sobre a Filigrana e concentrado na minúcia do seu ofício e no arrojo deste projeto.
O convite surgiu por parte do Valor do Tempo com o intuito de prestar um tributo à Ovelha Serra da Estrela. “É precisamente na Serra da Estrela que o Valor do Tempo tem as suas raízes, e é sobre o património português que concentra o seu projeto de economia social, um valor transversal a todas as suas marcas insígnia, de que a centenária Joalharia do Carmo faz parte”, refere uma nota do grupo liderado pelo empresário António Quaresma.
“De rosto alongado e olhos expressivos, são os cornos espiralados que mais se destacam nesta raça de personalidade vincada e memória prodigiosa. A Filigrana recriou-a bem. A ovelha em Filigrana é uma joia única no mundo, materializada em 15kg de prata dourada numa estrutura complexa com mais de 60.000 soldaduras que simulam a sua lã”, destaca o mesmo documento.
No projeto liderado por Arlindo estiveram envolvidos 17 artesãos entre mestres filigraneiros, ourives e enchedeiras, e foram contabilizadas 3652 horas de trabalho para que a ovelha ganhasse vida.
Em exposição na Joalharia do Carmo, em Lisboa, até ao final de novembro, a ovelha filigranada fará depois simbolicamente uma rota da transumância (prática ancestral que promovia a deslocação sazonal das ovelhas na procura de pastos) de Lisboa até à Serra da Estrela, onde será instalada em permanência no Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela, em Santa Marinha, no concelho de Seia.
Localizado num edifício que data da primeira metade do século XVIII e classificado como Imóvel de Interesse Público, o Centro Interpretativo abrirá ao público a 8 de dezembro para celebrar esta raça ovina autóctone dando a conhecer a sua importância económica, histórica e cultural na região.
Ao longo de três pisos, o espaço expõe as rotas da transumância, a história da ovelha e os produtos endógenos que lhe estão na origem: a lã e o queijo Serra da Estrela, uma iguaria com 1300 anos de história e com Denominação de Origem Protegida.
A ovelha, oferta da Joalharia do Carmo ao Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela reveste-se de especial simbolismo. “É uma alegoria, que não só faz a ponte com a região de origem do Valor do Tempo ao celebrar uma raça única no mundo com livro genealógico que conserva a sua identidade, como reafirma a Filigrana como arte intemporal capaz de desafiar a lógica convencional”, salienta.
É nesse encontro improvável que está a beleza e a irreverência desta joia que esbanja espetacularidade e que pode ser comtemplada até 30 de novembro na Joalharia do Carmo, Rua do Carmo 87B em Lisboa, das 10:00h às 20:00h.