Enfermeiros denunciam falta de condições de trabalho no Hospital de Seia
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O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) voltou a alertar para a necessidade urgente de intervenção no Hospital Nossa Senhora da Assunção (HNSA), em Seia, apontando carências graves ao nível das condições de trabalho e das instalações, nomeadamente a inexistência de climatização eficaz em plena época de calor.

“É um problema que se verifica todos os anos, assim que as temperaturas aumentam, sendo que a falta de climatização potencia as infeções respiratórias e hospitalares em doentes internados”, disse Alfredo Gomes, coordenador da direção regional da Beira Alta do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) à agência Lusa.

O alerta foi deixado durante uma conferência de imprensa realizada hoje de manhã junto ao hospital que integra a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.

Lembrando que o edifício do Nossa Senhora da Assunção foi construído “há relativamente pouco tempo”, Alfredo Gomes estranha que a climatização não tenha sido contemplada na obra, nem a situação corrigida posteriormente.

“Há um ou dois serviços em que o problema está resolvido, mas o internamento e, nomeadamente, a unidade de cuidados paliativos, são os mais afetados até por causa das características destes serviços e dos doentes que lá estão”, referiu o dirigente sindical.

Para Alfredo Gomes, a falta de climatização contribui para o aumento das infeções inter-hospitalares, “um dos graves problemas dos hospitais em Portugal”.

“Se os doentes já estão debilitados e se não se corrigem outros fatores que podem agravar a sua situação, de certeza absoluta que já houve casos em que isso tenha contribuído para o agravamento do estado de saúde dos doentes”, acrescentou.

O sindicalista lamentou que o problema “persista e não se resolva, por mais planos de investimento que haja”.

“O Conselho de Administração da ULS tem que se preocupar com isto a tempo e horas, não só quando vem o calor”.

Alfredo Gomes adiantou que o SEP vai exigir que a ULS “acautele, no orçamento para 2026, as necessidades em termos de climatização nos edifícios onde este problema está mais agravado para que não se tenha que levantar novamente a questão no próximo ano”.

“É um investimento que não se faz de um dia para o outro, e já não se vai resolver neste Verão, mas tem que ser acautelado a tempo e horas”, reiterou o coordenador da direção regional da Beira Alta do SEP.

O sindicato defende ainda que o Hospital de Seia deve ser alvo de um plano de manutenção e de reforço de investimento público, de forma a assegurar uma resposta de saúde eficaz, segura e com qualidade.

“É fundamental o reforço do investimento público no HNSA como motor de oferta com qualidade e segurança”, afirma o sindicato, sublinhando que a valorização das infraestruturas e equipamentos do hospital evitaria gastos desnecessários com o recurso ao setor privado.

O sindicato entende que a rentabilização plena dos serviços disponíveis é não só uma questão de justiça para com os utentes da região, como uma medida de racionalidade económica na gestão dos recursos do Serviço Nacional de Saúde.

Criado em 1992, o Hospital Nossa Senhora da Assunção, presta cuidados de saúde a vários concelhos da região da Serra da Estrela, incluindo Seia, Gouveia, Fornos de Algodres, no distrito da Guarda,  e Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra.

O novo edifício, construído de raiz e inaugurado em setembro de 2009, acolhe as valências médico-cirúrgicas, o Serviço de Urgência Básico e as unidades de Cuidados Continuados, Imagiologia, Medicina Física e de Reabilitação e Farmácia.

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