De Outeiro da Vinha até Bruxelas: sempre contigo para o que der e vier
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A escalada da guerra e os seus impactos económicos e de segurança mundial; a crescente precarização do trabalho, o desemprego e a insuficiência dos salários; o aumento do custo de vida, desde a habitação à alimentação, à energia e às telecomunicações; a degradação dos serviços públicos e a degradação geral das condições de vida que contrasta com os lucros dos grandes grupos económicos; o aumento dos fenómenos climáticos extremos potenciados pelas alterações climáticas; as migrações, as mortes e a exploração a elas associadas, e a sua utilização para virar trabalhadores contra trabalhadores; a reescrita da história, o anticomunismo e o crescimento da extrema-direita em Portugal, na Europa e no mundo.

Estas questões têm dominado as discussões em torno das eleições para o Parlamento Europeu (PE), que se realizam no próximo fim de semana. No decorrer da intensa campanha de proximidade que, juntamente com centenas de militantes e ativistas da CDU, me tem levado a percorrer o país em toda a sua geografia, tenho constatado que, nos seus inúmeros desdobramentos, elas correspondem às questões dos milhares de portugueses e portuguesas de todas as idades com quem tenho partilhado dúvidas, críticas e inquietações.

Vivemos um momento histórico com muitos riscos e muitas indefinições. A União Europeia, enquanto projeto neoliberal, militarista e contrário ao desenvolvimento soberano dos países, não só não dá resposta aos vários problemas que nos assolam como tem sido uma das razões para a existência desses problemas.

Pense-se na contínua desestabilização e exploração de países terceiros, em busca de reforçar a sua posição geoestratégica ou de expandir mercados para os grandes empresas europeias. Pense-se na corrida aos armamentos e no sacrifício dos ucranianos, na ausência de qualquer movimento para promover uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia. Pense-se na cumplicidade com o genocídio na Faixa de Gaza, numa objetiva e intolerável dualidade de critérios. Pense-se na participação direta e indireta com os milhares de migrantes mortos no Mediterrâneo. Pense-se numa resposta aos problemas ambientais que, longe de atacar o sistema de exploração irracional de recursos, visa a natureza e a poluição como mercados emergentes que sustentarão novas fontes de lucros. Pense-se na destruição da produção nacional, no abandono da agricultura familiar, no abate da frota pesqueira ou na deslocalização de indústrias, ao sabor dos interesses do grande capital. Pense-se na formulação de políticas de austeridade que desvalorizaram salários, destruíram serviços públicos e limitam a capacidade de os Estados fazerem investimentos que deem resposta às necessidades dos países e das populações.

No quadro do PE, de entre os partidos portugueses, só os deputados do PCP se opuseram de forma coerente a esta política. Quando era necessário aumentar o orçamento para a coesão e o desenvolvimento territorial, PS e os partidos da AD viabilizaram a sua redução. Quando era necessário enterrar de vez a austeridade depois de crises sucessivas, permitindo aumentar salários ou resolver a crise na habitação, PS e os partidos da AD aprovaram as novas regras da governação económica que a perpetua. Quando era necessário criar rotas de migração seguras, garantir direitos aos migrantes e criar condições para a sua inclusão, PS e os partidos da AD aprovaram o pacto das migrações que mantém a exploração e as redes de tráfico humano e desresponsabiliza-se pelas sucessivas violações em seu nome dos direitos humanos. Quando era necessário falar de paz, da resolução pacífica dos conflitos no mundo, de desarmamento e da valorização dos instrumentos do direito internacional que os concretizam, PS e os partidos da AD contribuíram para o caminho da guerra, para desviar investimentos fundamentais de outros setores para a indústria do armamento, para impossibilitar uma política internacional de segurança e cooperação.

Se neste mandato tivessem representação no Parlamento Europeu, Iniciativa Liberal e Chega não teriam de forma diferente.

As próximas eleições para o PE são parte da luta de resistência às forças do neoliberalismo e da guerra, agora reforçadas por uma extrema-direita musculada, fomentadora de ódios e profundamente antidemocrática. São também uma oportunidade de contribuir para dar força a quem se lhes opõe e permitir o avanço de direitos.

Na vida não existem inevitabilidades nem atrasos que não se possam recuperar. Foi o trabalho dedicado e umbilicalmente ligado aos interesses e aos sonhos dos portugueses e das portuguesas dos eleitos da CDU no PE que, no mandato que agora termina, permitiu questionar as políticas de pobreza, de desregulação do trabalho e de militarização. É o reforço dessa capacidade de trabalho e dessa ligação a quem sofre os problemas que poderá contribuir para que, em Bruxelas, se escutem e se cumpram as vozes de Outeiro da Vinha, e de todas as aldeias, vilas e cidades do nosso país abandonado à dependência e ao atraso. Estamos sempre aqui, para o que der e vier.

Existe uma alternativa de esperança e desenvolvimento. Existe uma alternativa de paz, de cooperação e amizade entre os povos e de promoção de relações internacionais que não sejam de submissão. Existe uma alternativa ao avanço dos fascismos, ao crescimento da intolerância e ao aumento da exploração. Existe uma alternativa ao caminho que serve os interesses económicos e financeiros dos monopólios e das transnacionais. Esse caminho enquadra-se na construção de uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos. Essa Europa inclui um Portugal mais democrático, desenvolvido e soberano. Para se cumprirem essa Europa e esse Portugal, a CDU é essencial.

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