A Família, um conceito polémico
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Desde 1994 que no dia 15 de maio se celebra o Dia Internacional da Família, após uma resolução da ONU que reflete a importância que a comunidade internacional atribui às famílias.

A importância da família parece não ser discutida mas a sua definição é objecto de múltiplas abordagens que têm levado a grandes debates. Veja-se as polémicas em torno do livro Identidade e Família apresentado pelo ex primeiro-ministro Pedro Passos Coelho como um “manifesto” contra os adversários da família que identificou como sendo a ideologia de géneros e a “cultura da morte”. Para além dos contornos políticos da polémica, também se verifica que a ou as definições de família são diversas na sociedade actual. Este livro é uma colectânea de textos escritos por diversas personalidades da vida pública portuguesa que veio avivar polémicas antigas à volta da Família.

Por cá a família tem de lidar com as questões difíceis, da saúde mental, da doença, das dificuldades económicas, da solidão na velhice e das migrações, entre outras temáticas de relevo.

Ao nível mundial, cada ano é anunciado pelo secretário-geral da ONU um tema para o Dia Internacional das Famílias, o tema de 2024 é de atualidade “Famílias e Mudanças Climáticas”, no intuito de sensibilizar para o impacto das alterações climáticas nas famílias e para o papel que estas podem desempenhar na acção climática. A responsabilidade individual é da maior importância, “o que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor” já dizia Santa Teresa de Calcutá. Nesta área existe tanto por fazer.

A Igreja Católica também comemora o Dia Internacional da Família, enquadrando o mesmo na semana da Vida, que este ano decorre de dia 12 a 19 de maio. Este ano o tema da semana da Vida aborda o novo documento do Vaticano sobre a dignidade humana a partir do tema “da fragilidade (re)nasce a vida”, e a importância de cuidar dos outros. Esse documento “dignidade infinita” sublinha a condenação do aborto e da maternidade de substituição fazendo prevalecer a dignidade da vida da conceção à morte. Esse mesmo documento trata os temas da eutanásia e do suicídio e questiona as leis da “morte digna” e pedindo uma maior promoção dos cuidados paliativos.

Essa mesma “cultura da morte” foi denunciada há dias por algumas personalidades portuguesas no já referido livro “Identidade e Família”. Quanto a esta matéria não houve nem há um verdadeiro debate público, mas sim uma troca de argumentos e um extremar de posições.

Será que seguimos a máxima do economista Peter Drucker afirmava que “o mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito”, porque comunicar não é apenas passar a mensagem, é também saber escutar e perceber o que o outro tem para nos dizer, conhecemos o circuito da comunicação, mas esquecemos tão rapidamente a importância da reciprocidade desse processo. Ora nestes tempos de radicalização das opiniões, estamos a inverter o que se entende por comunicação, porque não falamos uns com ou outros, falamos muitos em simultâneo, esquecemos que comunicação não é o mesmo que monólogo sem resultados.

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