Turismo – o ex-líbris da economia portuguesa! O que se faz em prol do ex-líbris?
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Os dados da World Travel & Tourism Council apontavam que, para 2023, o setor de viagens e turismo deveria contribuir para a economia portuguesa com 40,4 mil milhões de euros, o que representa, 16,8% do Produto Interno Bruno (PIB).

Atualmente, a indústria do turismo e viagens está novamente em alta e a superar os níveis batidos em 2019. Estima-se que, até 2033 o peso desta indústria ultrapasse os 21% com um contributo para o PIB na ordem dos 56 mil milões de euros.

Resultados tão otimistas e promissores exigem do Turismo de Portugal (TP), a principal autoridade turística nacional, um plano de ação no sentido de dinamizar o turismo em Portugal, desde a procura à oferta, como mandam os seus estatutos.

Foram muitas as medidas que deram lugar a programas geridos por várias entidades. O plano de ação do TP é extenso e intangível, exige uma dinâmica e distribuição dos vários recursos, tanto do estado, como de outras entidades que concorrem neste sentido, as freguesias, as autarquias, entidades setoriais e outras.

Antes de mais, o turismo é a arte de bem receber! Estaremos nós, aqui na Serra da Estrela, realmente a receber bem?

A Serra da Estrela é uma zona privilegiada com características únicas para combater a sazonalidade. Tem neve no inverno, Locais e trilhos com condições ótimas para promover o turismo ao ar livre na primavera ou no outono, e praias fluviais no verão. Mas tal excelente produto não chega para proporcionar uma experiência excelente aos visitantes e turistas. Todos os fatores têm de estar alinhados na dita excelência.

Exemplos como estacionamentos inadequados ou inexistentes, dificuldade de obtenção de informações ou até mesmo falta de informações de suporte e documentação das atividades económicas e culturais, contribuem para a pouca qualidade do turismo nas localidades.

A aventura típica de um turista que chega à Serra da Estrela e dirige-se a um determinado posto de turismo e verifica que está fechado. A praia fluvial que exibe o selo azul porque cumpre apenas os requisitos legais. Um dos requisitos legais é a exigência de um nadador-salvador, mas as pessoas só se podem “afogar” por volta do meio-dia, hora a que este chega à praia.

A concessionária de cafetaria/restaurante ou é inexistente ou cumpre horários aleatórios “não à vontade do freguês!”

Com o apoio das freguesias, por inação, aos maus hábitos das refeições à base de tachos e marmitas, e do consequente lixo espalhado, nas praias fluviais e matas, não ajuda as atividades económicas e dá pouco prestígio e nenhuma qualidade ao turismo nas localidades.

A acrescentar a este cenário, o vínculo contratual precário dos recursos humanos, que não deveria existir já que um dos objetivos estratégicos do plano de ação do TP é promover o emprego, a qualificação e valorização das pessoas.

Temos políticas, temos ideias e temos produto, mas a forma como alocamos os recursos humanos e materiais não é a melhor, já que exemplos como os citados anteriormente saltam à “vista desarmada”.

Não é visionário aquele que vê o investimento como um gasto nem aquele que assegura serviços à base da precaridade, numa esperteza de pequena poupança que normalmente traz o prejuízo, anulando o potencial global.

Chama-se à atenção das autarquias, por serem aquelas que melhor vivem no terreno os desafios do turismo e por serem aquelas a quem cabe uma maior responsabilização neste processo de operacionalização das políticas turísticas.

Outra medida que poderia ajudar na promoção do emprego e qualificação foi a medida “Melhor Turismo 2020.  Como foi operacionalizada no concelho de Seia?

Esta medida visava a promoção da sustentabilidade e da qualidade do emprego através de ações de consultoria e formação-ação às empresas que, a julgar pela qualidade do atendimento e profissionalização da gestão das mesmas, ainda há muito para fazer.

A velha máxima “se espera visitas, comece por arrumar a sua casa” aplica-se tão bem ao exemplo.

Vá lá! Vamos todos ajudar a arrumar a casa!

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