Seia exige mais e melhores cuidados de saúde
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Assembleia Municipal de Seia aprovou Moção que exige melhoria na prestação de cuidados de saúde no concelho.

A Comissão Especializada da Saúde (CES), criada no seio da Assembleia Municipal de Seia, apresentou na última sessão, que decorreu na passada sexta-feira, um relatório detalhado sobre o estado da saúde no concelho, destacando a falta de médicos de família no concelho, a extinção de consultas no Hospital e a carência de infraestrutura e recursos.

Tendo como compromisso contextualizar a situação da saúde no concelho e a sua relação com a ULS Guarda, “a fim de identificar desafios, necessidades e oportunidades de melhoria”, a Comissão “considera imperioso observar atentamente os dados de análise minuciosa” do relatório, com o objetivo de obter “uma visão alargada dos desafios que o sistema de saúde enfrenta no distrito da Guarda e especificamente no concelho de Seia”.

O documento, que vai ser remetido a diversas entidades locais e nacionais após constituição do novo governo, destaca como uma das necessidades mais urgentes “garantir o acesso adequado a médicos de família para todos os munícipes”. Para isso, pedem que sejam contratados e alocados mais profissionais de saúde, “bem como o desenvolvimento de estratégias para reter esses profissionais em comunidades rurais como Seia”, e haja uma reorganização das extensões do Centro de Saúde.

O relatório, apresentado pelas deputadas municipais Teresa Fernando e Lúcia Leitão, salienta ainda a necessidade de contratar médicos externos para “assegurar melhor o funcionamento da urgência, diminuindo a pressão sobre os médicos de família”.

Restaurar especialidades médicas essenciais no Hospital Nossa Senhora da Assunção, não centralizando tudo na Guarda, continuar a investir na manutenção e modernização das infraestruturas e equipamentos, bem como a expansão de serviços e horário de funcionamento, implementar serviços de telemedicina, e uma melhor colaboração entre a administração da ULS Guarda, o Centro de Saúde de Seia e o Hospital de Seia, são algumas das exigências descritas no relatório.

De alguns números apresentados no relatório que acompanha a Moção, destaca-se o “aumento significativo” do número de utentes que recorre ao serviço de urgência, que no ano passado foi de 25.486. Muitas destas pessoas são provenientes de fora do concelho de Seia, “o que atesta a atração e a centralidade” do Hospital relativamente aos concelhos limítrofes de Gouveia, Oliveira do Hospital e Nelas. “Em certos dias, representam 30% a 50% dos utentes da urgência”, salienta o documento.

“Esta situação seria senão suficiente, pelos menos importante, que se se olhasse o Hospital de Seia com outra importância, com outra centralidade, com outro poder de atração, e daí também que pudesse beneficiar doutros serviços para além da urgência”, frisou Lúcia Leitão.

De realçar ainda que quanto às consultas e cirurgias, o relatório frisa que “o número é baixo”, os tempos de espera para uma consulta “são elevados” nas especialidades de Oftalmologia, Ortopedia e Fisiatria. Outra “fragilidade” no funcionamento da unidade de saúde “é o baixo número de cirurgias realizadas”, cerca de “27 por mês”, apesar da capacidade instalada e as excelentes condições do boco operatório. Também nada favorável é o facto de a Medicina Interna e os Cuidados de Convalescença “não ter médico em presença física durante 24 horas”.

Teresa Fernando, numa análise swot no sentido de afirmar a visão da CES e fundamentar as propostas abordadas de modo a que possam constar num planeamento estratégico mais eficiente, referiu que o trabalho efetuado “permite, com credibilidade, afirmar posições junto dos serviços com os quais pretendemos reunir, no sentido de debater e de reafirmar esta centralidade quer do Hospital quer do Centro de Saúde de Seia”. Disse ainda que Seia “não se pode vergar” e tem que “demonstrar sempre” a sua posição de defesa do concelho na tentativa de melhorar a satisfação dos utentes nos cuidados de saúde.

A Comissão Especializada da Saúde de Seia reconhece a importância da colaboração entre as entidades locais e regionais “para enfrentar os desafios e promover uma melhor saúde e bem-estar para todos os residentes de Seia e áreas circunvizinhas”. Nesse sentido, depois de auscultar os responsáveis locais e distritais da Saúde, propõe-se passar a discussão para as entidades de nível regional e mesmo nacional, sendo “crucial que todas as partes interessadas trabalhem juntas”, enfrentando os desafios “que merecem ser abordados com urgência”.

Aprovada por unanimidade, a Moção e o relatório da CES vai ser remetido, entre outros, para o Centro de Saúde de Seia, ULS Guarda, Administração Regional de Saúde do Centro, Administração Central do Sistema de Saúde, Diretor Executivo do Sistema Nacional de Saúde, ministro da Saúde, primeiro-ministro e Presidente da República. Segue ainda após as eleições legislativas de 10 de Março para a Assembleia da República, deputados eleitos pelo distrito da Guarda e Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.

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